Peça "Brian ou Brenda?"

 

Brian ou Brenda?, de Franz Keppler, discute identidades a partir do polêmico caso real de David Reimer

Com direção de Yara de Novaes e Carlos Gradim, elenco conta com Anderson Müller, Daniel Tavares, Einat Falbel, Jui Huang, Mattilla, Paula Cancian e Paulo Campos



Fotos de Heloísa Bortz:


Cada vez mais pulsante na sociedade, a discussão sobre identidade de gênero ganha uma abordagem surpreendente em Brian ou Brenda?, com dramaturgia de Franz Keppler e direção de Yara de Novaes e Carlos Gradim, que recria com liberdade ficcional o polêmico caso de David Reimer.

Em 1965, nascem os gêmeos Brian e Bruce, que são submetidos a uma cirurgia de fimose aos 8 meses. Durante esse procedimento, o pênis de Brian é acidentalmente cauterizado. Atônitos, os pais procuram o psiquiatra John Money, que defende a tese de que os bebês nasceriam neutros e teriam seu gênero definido pela criação. Ele aconselha a família a fazer em Brian uma operação de redesignação sexual e a educá-lo conforme uma menina.

A criança passa a ser chamada de Brenda. O resultado é uma menina que cresce infeliz em um corpo que não é seu e, ainda adolescente, tenta se matar. Os pais decidem contar a verdade e, então, Brenda resolve ir em busca da real identidade que nunca havia deixado de ter.

Conhecida como um dos casos mais polêmicos da psiquiatria, a violência sofrida por David Reimer é usada por pesquisadores e instituições de todo mundo para fomentar a discussão sobre identidade de gênero. Os grupos conservadores argumentam que este é um exemplo de que uma pessoa biologicamente nascida com o sexo masculino sempre se identificará como um homem. Já os teóricos de gênero defendem que o sofrimento causado pela tentativa de impor uma identidade a David é o mesmo pelo qual as pessoas transgêneras passam na sociedade conservadora que tenta impor seus padrões.

A encenação mescla fatos reais e ficcionais para propor uma reflexão sobre gênero e o direito às escolhas e desejos de cada um, bem como os limites dos tratamentos médicos e psiquiátricos. O grupo faz questão de frisar o respeito pelas diferentes identidades, colocando a pauta, inclusive, na boca de David. Ao final da trama, por exemplo, ao ser questionado em uma entrevista, ele afirma que não é contra a cirurgia de redesignação sexual, se isso for um desejo de uma pessoa que se sente no corpo errado, contrapondo essa possibilidade ao que aconteceu.

Para celebrar a diversidade e contribuir ainda mais com essa discussão, o elenco escolhido traz Anderson Müller, Daniel Tavares, Einat Falbel, Jui Huang, Mattilla, Paula Cancian e Paulo Campos, pessoas com diferentes origens, condições físicas, etnias e identidades de gênero.

O texto começou a ser escrito em 2015, quando Franz Keppler foi contemplado em um edital de dramaturgia do ProAC – Programa de Ação Cultural da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo. Em 2018, o grupo foi contemplado na 1ª edição do Prêmio Cleyde Yáconis, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. A peça estreou e 2019 no Centro Cultural São Paulo e depois cumpriu uma segunda temporada no Viga Espaço Cênico.

Em ambas as temporadas, o espetáculo obteve sucesso absoluto de público e de crítica, com avaliações positivas em importantes veículos do cenário cultural paulistano, como a Veja SP, que conferiu quatro estrelas ao projeto e elencou a peça como uma das melhores do ano.

O espetáculo foi indicado ao Prêmio Aplauso Brasil na categoria figurino e recebeu menções no site Observatório do Teatro e no blog E-urbanidade como destaque do ano nas categorias Espetáculo, Dramaturgia, Direção, Elenco, Ator coadjuvante, Atriz coadjuvante, Figurino e Trilha sonora.

Em 2022, o espetáculo foi retomado e circulou por diversas cidades do interior paulista, como São Carlos, Bauru, Ribeirão Preto e Presidente Prudente, além de ter se apresentado em centros culturais da cidade de São Paulo, como Centro Cultural da Diversidade, Centro Cultural Penha, Tendal da Lapa e Casa de Cultura São Rafael. Em 2024, voltou a cartaz em São Paulo, nos teatros Itália, Alfredo Mesquita, Paulo Eiró e Arthur Azevedo e circulou pelo Viagem Teatral do Sesi, realizando pequenas temporadas (de duas semanas cada) em São José dos Campos, Ribeirão Preto e Itapetininga.

 

SINOPSE

Baseada em um episódio conhecido como um dos mais polêmicos da psiquiatria, a peça conta a história de Brian. Depois de uma operação malsucedida logo após o nascimento, em que seu pênis é cauterizado, ele é submetido a uma redesignação sexual e passa a ser educado como menina: Brenda. A imposição de crescer em um corpo que não é seu, no entanto, afeta a sua própria vida e a de todos ao seu redor.

 

FICHA TÉCNICA

Texto: Franz Keppler

Direção: Yara de Novaes e Carlos Gradim

Assistência de direção: Ronaldo Jannotti

Elenco: Anderson Müller, Daniel Tavares, Einat Falbel, Jui Huang, Mattilla, Paula Cancian e Paulo Campos

Cenário: André Cortez

Figurino: Cassio Brasil

Iluminação: Aline Santini

Trilha sonora: Dr. Morris

Orientação de trabalho corporal: Ana Paula Lopez

Direção de produção: Kiko Rieser

Produção Executiva: Jaddy Minarelli

Fotografia: Heloísa Bortz

Registro em vídeo: Leekyung Kim

Realização: Rieser Produções Artísticas

 

SERVIÇO

Brian ou Brenda?

Classificação etária: 14 anos

Duração: 75 min


Fonte

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