Show de 1978 de Inezita Barroso junta-se ao rol de homenagens ao centenário da cantora
Gravação é resgatada pelo projeto Relicário e reforça a importância da
intérprete para a história da música brasileira
Crédito: Alexandre Calderero
O projeto Relicário, do Selo Sesc, traz em setembro mais um registro raro e precioso da música brasileira com o lançamento do álbum Relicário: Inezita Barroso (ao vivo no Sesc 1978). O disco apresenta a gravação ao vivo do show realizado por Inezita Barroso no Sesc Consolação e soma-se ao rol de comemorações do que seria o centenário da cantora em 2025. O lançamento já está disponível nas principais plataformas de áudio.
O show registrado no álbum revela uma fase pouco conhecida da trajetória da artista: seu período à frente do restaurante Casa de Inezita, assim por ela denominado, entre 1975 e 1976. Misturando gastronomia das mais diferentes regiões do país, o que bem simboliza o olhar curioso de Inezita pela cultura brasileira além da música, o local foi também ponto de encontro entre a culinária popular brasileira e a música de raiz, uma vez que lá aconteciam encontros musicais, dos quais Inezita participava. O compositor e bandolinista Evandro do Bandolim, que participa deste show trazido pelo Relicário, era uma das figuras que marcavam presença no local para as tardes musicais.
A aproximação entre os dois nas tardes de sábado no restaurante resultaria, em 1979, no disco Inezita Barroso canta e Evandro no choro — seu primeiro álbum totalmente dedicado à música urbana, aos sambas e choros que interpretava nesses encontros informais.
O Relicário: Inezita Barroso (ao vivo no Sesc 1978) abarca esse momento entre o palco do restaurante e o LP seguinte, trazendo uma faceta mais urbana da artista. Canções como “Lampião de gás” e “Perfil de São Paulo” remetem a uma memória afetiva com a cidade. Clássicos como “Ronda”, “Chão de Estrelas”, “Carinhoso” e “Marvada Pinga” figuram entre as faixas. “Pontos de Ogum” é uma das canções que denotam o amplo interesse e pesquisa de Inezita por outros aspectos e vertentes da música brasileira, além da música caipira. A melancólica “Leilão”, que narra o drama de um homem escravizado separado da mãe, e a leve “Meu barco é veleiro” são outras que figuram no álbum digital.
Além de cantora, Inezita foi também pesquisadora, folclorista, atriz, bibliotecária e apresentadora — comandando por décadas o programa Viola, minha viola, da TV Cultura. O presente Relicário eterniza e sumariza um momento da vida e carreira da artista que reflete suas várias facetas e interesses pela cultura brasileira muito além da música.
SOBRE INEZITA BARROSO
Inezita Barroso, nascida Ignez Magdalena Aranha de Lima, nasceu em São Paulo, em 4 de março de 1925, e tornou-se um dos maiores nomes da música brasileira voltada à tradição popular. Cantora, atriz, pesquisadora, apresentadora e folclorista, formou-se em Biblioteconomia pela USP e iniciou sua carreira artística nos anos 1940. Em 1951, gravou seu primeiro disco, e dois anos depois alcançou projeção nacional com o sucesso "Marvada Pinga", canção que marcou sua ligação definitiva com a música caipira.
Contrariando os padrões de sua época e classe social, Inezita mergulhou no universo da cultura popular brasileira, percorrendo o país em busca de modas de viola, cantigas, lundus, emboladas e toadas — muitas das quais registrou em álbuns, livros e programas de rádio e TV. Seu trabalho era sustentado por rigor na pesquisa, sensibilidade como intérprete e um olhar generoso para as expressões culturais das classes populares.
No cinema, atuou em produções como Carnaval em Lá Maior (1955) e Ângela (1951). A partir dos anos 1980, ganhou notoriedade como apresentadora do programa Viola, minha viola, da TV Cultura, no qual permaneceu por mais de 30 anos, tornando-se referência na difusão da música de raiz. Ao longo da carreira, recebeu diversos prêmios, incluindo o Prêmio Shell de Música e a Ordem do Mérito Cultural.
Inezita faleceu em 8 de março de 2015, aos 90 anos, deixando um imenso legado na valorização da cultura tradicional brasileira. Seu acervo está em processo de catalogação pelo Instituto de Estudos Brasileiros da USP.
SOBRE O RELICÁRIO
Relicário é um projeto permanente que reverbera a memória do Sesc São Paulo com registros do acervo da instituição que há mais de 70 anos tem na ação cultural o instinto de estimular a autonomia pessoal, a interação e contato com expressões e modos diversos de pensar, agir e sentir.
O projeto apresenta áudios de shows históricos realizados em unidades do Sesc em São Paulo nas décadas de 1970, 1980 e 1990, remasterizados e formatados como álbuns digitais. A série também oferece o contexto histórico de cada registro, através de textos, vídeos e fotografias.
SOBRE O SELO SESC
Desde 2004 o Selo Sesc traz a público obras que revelam a diversidade e a amplitude da produção artística brasileira, tanto em obras contemporâneas quanto naquelas que repercutem a memória cultural, estabelecendo diálogos entre a inovação e o histórico. Em catálogo, constam álbuns em formatos físico e digital que vão de registros folclóricos às realizações atuais da música de concerto, passando pelas vertentes da música popular e projetos especiais. Entre as obras audiovisuais em DVD, destacam-se a convergência de linguagens e a abordagem de diferentes aspectos da música, da literatura, da dança e das artes visuais. Os títulos estão disponíveis nas principais plataformas de áudio, Sesc Digital e Lojas Sesc. Saiba mais em: sescsp.org.br/selosesc
SOBRE O SESC SÃO PAULO
Com 79 anos de atuação, o Sesc – Serviço Social do Comércio conta com uma rede de 42 unidades operacionais com atendimento presencial e 4 unidades operacionais com atendimento não presencial no estado de São Paulo e desenvolve ações com o objetivo de promover bem-estar e qualidade de vida aos trabalhadores do comércio, serviços, turismo e para toda a sociedade. Mantido pelos empresários do setor, o Sesc é uma entidade privada que atua nas dimensões físico-esportiva, meio ambiente, saúde, odontologia, turismo social, artes, alimentação e segurança alimentar, inclusão, diversidade e cidadania. As iniciativas da instituição partem das perspectivas cultural e educativa voltadas para todas as faixas etárias, com o objetivo de contribuir para experiências mais duradouras e significativas. São atendidas nas unidades do estado de São Paulo cerca de 30 milhões de pessoas por ano. Hoje, aproximadamente 50 organizações nacionais e internacionais do campo das artes, esportes, cultura, saúde, meio ambiente, turismo, serviço social e direitos humanos contam com representantes do Sesc São Paulo em suas instâncias consultivas e deliberativas. Mais informações em sescsp.org.br
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